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Milorde

A gripe

Milorde, 27.01.20

Esta manhã a Pauline disse que não passou muito bem a noite. Estava com umas profundas olheiras, bastante corada, e o cabelo mais parecia um ninho de pegas. Bebeu apenas um pouco de chá dizendo que estava sem apetite.

- Qu'est-ce qu'il y a ma chérie? - perguntou a Condessa, preocupada.

- Je me sens pas bien - respondeu ela de cabeça baixa.

Como por instinto a Maria colocou-lhe a mão na testa.

- Ela está a arder em febre!

A Condessa levantou-se e foi ela própria verificar a temperatura da testa da miúda. Disse que tínhamos que a levar ao hospital imediatamente.

- Não, não podemos! - respondeu a Maria - pode ser coronavírus!

- Corona quê? - perguntei.

- Coronavírus, senhor. A gripe chinesa! Está sempre a dar na televisão, sua senhoria. Você não sabe porque só vê as telenovelas mexicanas. Ela deve estar isolada das pessoas para não contagiar ninguém.

- Que exagero! - retorqui.

- Bem... eu já vou para a escola... xau! - disse o Sebastião e desapareceu da sala como um raio.

- Milord, eu exijo que você chame um médico para a minha neta!

Só me faltava mais esta. A Pauline fica doente e é a minha obrigação de chamar um médico? Um médico ao domicílio é bem mais caro!

O Dr. Custódio chegou cerca de meia hora depois. Após uma análise à paciente, disse para nos despreocuparmos porque não se tratava de todo do tal vírus que anda nas bocas de todo o mundo. Na verdade, ainda não há nenhum caso conhecido em Portugal, apenas uma desconfiança que acabou por ser desmentida. Prescreveu-lhe um xarope para baixar a febre e repouso.

- Vou fazer-te uma canjinha de galinha que vais logo sentir-te melhor, minha filha - disse a Maria e saiu para a cozinha.

Agradecemos ao médico e perguntei quanto lhe devia. Qual não foi o meu espanto quando vi que a Condessa lhe entregou uma nota de 50€ e disse-lhe que podia ficar com o troco. Eu nem a boca abri.

- Ai este frio, Milord! É este frio! - disse e foi sentar-se de novo na poltrona para ler o seu romance.

Passei pelo quarto da Pauline agora à pouco e o Sebastião está lá a contar-lhe as suas histórias e a fazê-la rir. Estes dois andam muito próximos...

 

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