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Milorde

A doença mental

Milorde, 20.09.22

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Já tinha reparado que a minha irmã não se sentia bem. Uma jovem de 28 anos, mãe de dois filhos lindos, uma mulher bonita de pele clara e cabelo castanho liso, olhos doces, sensível, a pessoa mais bondosa que eu já conheci.

Ela sempre foi uma mulher magra, nunca passou dos 50 e poucos quilos, mas se a vissem agora assustavam-se! Depois que foi mãe pela segunda vez, há um ano atrás, que vive em permanente stress. Acredito que ser mãe de dois filhos não é fácil, requer responsabilidade a dobrar, paciência, poucas horas de sono e muito trabalho. O seu companheiro, um homem mais novo 3 anos que ela muito imaturo ainda, pouco ou nada faz para ajudar, passa horas a jogar no computador e a fumar um cigarro atrás do outro, nunca foi habituado a fazer uma tarefa doméstica, a mãe nunca lhe ensinou.

Há uns meses para cá que a minha irmã se tem sentido sozinha, entregue à sua sorte, desanimada, triste. Deixou de cuidar de si própria. Tem a pele baça, cansada, olheiras profundas, cheia de linhas de expressão. O cabelo está fraco, quebradiço, sem brilho. Sente-se exausta e chora, chora e chora.

Tanto eu como a minha mãe dizíamos sempre que ela tinha que ir ao médico. Ela dizia que não tinha tempo, não podia faltar ao trabalho porque o dinheiro é escasso, mal sai do trabalho tem que buscar os filhos à escola e à creche, chegar a casa e cozinhar, dar banho às crianças, deita-los, etc.

Porém chegou o dia em que ela não aguentou mais. Conseguiu uma consulta aberta e após ser analisada está diagnosticada com um esgotamento cerebral nervoso. A minha irmã neste momento pesa 39 quilos!

Está medicada com antidepressivo e um complexo vitamínico. Está de baixa, não vai trabalhar enquanto o médico não vir melhorias no seu estado. Temos ajudado da melhor maneira possível, vem para minha casa durante o dia, a minha mãe cozinha os pratos que ela mais gosta, eu faço sobremesas deliciosas e cada quilo que ela consiga engordar para nós será uma vitória.

A preocupação é muita, daí este meu desabafo, mas não lhes mostramos. Mantemos uma postura positiva, alegre. Porque ela vai sair desta, tenho a certeza.

Para quem ler este grande texto que hoje vos escrevo quero deixar-vos um alerta, tenham atenção aos sinais de vós mesmos ou de algum familiar e amigo, porque quem passa por uma doença mental não sabe o que fazer, a quem pedir ajuda, e penso que seja um dever de cada cidadão ajudar o próximo. Sejamos mais humanos!

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