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Milorde

A primeira consulta na psicóloga

Milorde, 28.09.23

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A primeira consulta na psicóloga foi estranha. Por ironia do destino, talvez, certo dia estava a ver uns desenhos animados na televisão quando um dos bonecos foi a um psicólogo e a consulta passou-se com o profissional de saúde a mostrar uns desenhos estranhos e perguntar o que é que o boneco via neles.

Como a minha imaginação era, e ainda é, muito fértil, comecei a ensaiar várias respostas na minha cabeça para o caso de ela me mostrar os tais desenhos para eu interpretar. Porém, tal não aconteceu.

Na primeira consulta eu seria acompanhado pela minha mãe mas as seguintes eu já deveria estar sozinho com ela. Então, após ela se apresentar, disse-me que podia confiar inteiramente nela para lhe contar o que quer que fosse, que gostava que eu a visse como a minha melhor amiga. "Deve estar a brincar", foi logo o que eu pensei. Tinha acabado de a conhecer e ela já estava a propor ser a minha melhor amiga? Bem que podia esperar sentada. Reparem que eu sempre fui às consultas contrariado, porque era obrigado a ir.

O que eu mais odiava era quando ela me obrigava a falar do meu pai. Era um assunto muito sensível, porque o meu pai não esteve presente uma grande parte da minha vida, e ela insistia comigo em todas as consultas para lhe contar como a falta da presença do meu pai me fazia sentir. Era uma tortura! Tantas vezes reprimi o choro por vergonha porque quando eu chorava na escola toda a gente dizia que era um miúdo mimado e sensível tal como uma menina (professores incluídos!).

Nunca me esqueço de uma pergunta que me fez certo dia: "quando vês os desenhos animados que mais gostas, alguma imaginaste estar no meio deles?" Respondi-lhe logo que não. Era mentira, jamais poderia afirmar isso porque vivia aterrorizado com a possibilidade de ser internado num hospital psiquiátrico. Mas sim, sempre me imaginei no meio deles. Imaginava que tinha um Pokémon que me defenderia de todos aqueles que me queriam fazer mal. E imaginava-me num mundo totalmente paralelo.

Na maior parte das consultas mantinha-me calado a olhar para o tampo da mesa que até hoje me lembro da cor. Eu não queria falar com ela. Aquela psicóloga nunca conseguiu arrancar nada de mim! E quem me dera poder voltar atrás no tempo! Certamente que teria outro tipo de atitude. E talvez me tivesse tornado num adulto mais seguro de si mesmo.

Preferia brincar sozinho

Milorde, 27.09.23

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Sempre fui um rapaz muito reservado e introvertido. Preferia brincar sozinho do que com os meus amigos ou colegas da escola porque eu não tinha as mesmas brincadeiras que eles. Divertia-me mais sozinho quando dava largas à minha imaginação e inventava histórias na minha cabeça com personagens que eu criava, onde seria sempre eu o personagem principal da trama, e dava-lhes voz. Por isso mesmo é que muitas pessoas diziam que eu não era um rapaz normal, era um ser humano esquisito que se infiltrava no mato e falava com as árvores.

Eu mesmo tinha essa perceção mas era algo que não conseguia controlar. Ainda hoje dou por mim, inconscientemente, a inventar cenários e situações (principalmente quando estou a conduzir) onde me perco totalmente nos pensamentos enquanto a vida se desenrola lá fora, do outro lado do meu mundo imaginário.

- Ouviste o que eu te disse? - pergunta a minha mãe.

Não, não ouvi nada! Fico completamente abstraído. Impressionante, não é?

Bem, voltando então à minha infância, uma professora e diretora de turma apercebeu-se de que eu não convivia com os meus outros colegas e não tinha brincadeiras consideradas normais para um rapaz da minha idade.

Claro que como docente, ela teve que tomar uma atitude em relação ao assunto. Chamou a minha mãe à escola e disse-lhe que eu iria começar a ter consultas de psicologia. Foi como se o mundo se tivesse aberto debaixo dos nossos pés e estivéssemos a cair naquele buraco sem fundo. Eu iria ter consultas com uma psicóloga?! Porquê?! "Eu não estou maluco" - dizia. A minha mãe ficou cheia de medo que ela fosse considerada incapaz (ou má mãe) por não conseguir lidar com um rapaz na minha condição mental, temeu muito que eu fosse institucionalizado e pediu-me tantas vezes que não brincasse mais sozinho. Estávamos no ano de 2001, não havia acesso a tanta informação como há agora, não a condenem!

Senti-me injustiçado, incompreendido, revoltado mesmo. Comecei a sentir rancor pela diretora de turma, que fosse ela ao psicólogo e que me deixasse em paz! De nada adiantou, fui mesmo obrigado a ir.

O resto, contarei mais tarde.

 

Engraçado que ao dar início a este texto, ia falar de um assunto completamente diferente, mas a minha cabeça e os meus dedos ágeis levaram-me a escrever isto. Totalmente genuíno.

 

Uma mochila pesada

Milorde, 25.09.23

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Fui buscar a minha sobrinha à escola. Como está sol, temperaturas mesmo um pouco altas para a época, decidi ir a pé porque a escola fica relativamente perto de minha casa.
 
Ela já está no 5º ano, já foi para a escola dos "grandes". Quando lá cheguei, ela mal me viu correu para o portão, passou o cartão no leitor para confirmar a sua saída e depois pediu-me se poderia levar-lhe a mochila porque já lhe doía os ombros. "Claro que sim!" - disse-lhe. Peguei na mochila e coloquei-a às costas.
 
Vocês não estão a perceber o peso daquela mochila! Eu próprio, um homem adulto, tive dificuldade em carregar a mochila até casa de tão pesada que estava, sob o sol quente das 2 da tarde. E ela só teve aulas de manhã, reparem!
 
Chegados a casa pousei aquele peso todo chão, aliviado. Ainda me doem os ombros! Como é que é possível que as nossas crianças sejam sujeitas a isto?! É que todo este peso nos ombros de uma criança pode trazer-lhe consequências, problemas de saúde nas costas!
 

A importância dos óleos essenciais

Milorde, 20.09.23

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Devido à minha sinusite, tenho dores de cabeça muito frequentes. Posso dizer-vos que fazia do paracetamol, em casos mais extremos de alergias, uma medicação diária para aliviar aquela dor que sobe pelo nariz, aloja-se entre os olhos e coloca-me num estado de sofrimento.

Numa conversa com uma amiga sobre o assunto, ela aconselhou-me a falar com uma especialista em óleos essenciais que poderia resolver este meu problema sem recorrer a mais fármacos. Assim fiz e hoje tenho um frasquinho de óleo essencial de hortelã pimenta que me ajuda a respirar melhor e alivia as minhas dores de cabeça. Fantástico, não é?

Os óleos essenciais são substâncias altamente concentradas extraídas de plantas, contendo compostos aromáticos e medicinais característicos da planta de origem. Após uma pesquisa vi que eles têm sido utilizados ao longo da história pelas suas propriedades terapêuticas e aromáticas, e recentemente ganharam popularidade devido às práticas de medicina alternativa e bem-estar.

Aqui estão algumas das principais razões pelas quais os óleos essenciais são considerados importantes:

Propriedades Terapêuticas: Os óleos essenciais possuem propriedades terapêuticas que podem auxiliar no tratamento de diversas condições de saúde física e emocional. Eles podem ter efeitos anti-inflamatórios, antimicrobianos, analgésicos, sedativos, entre outros.

Aromaterapia: Os óleos essenciais são amplamente utilizados na aromaterapia para promover o equilíbrio e a saúde mental. As fragrâncias podem influenciar o humor, o stresse, a ansiedade e o sono, contribuindo para um estado emocional mais equilibrado e relaxado.

Cuidados com a Pele e Cabelo: Muitos óleos essenciais têm propriedades benéficas para a pele e o cabelo. Eles podem ser usados em produtos de cuidados pessoais, como loções, cremes, champô e sabonetes, para melhorar a saúde da pele, tratar acne, combater a caspa, e promover um aspeto saudável e rejuvenescido.

Alívio de Sintomas: Os óleos essenciais podem proporcionar alívio temporário de sintomas como dores de cabeça, náuseas, dores musculares, congestão nasal e indigestão. Algumas essências também podem ajudar a aliviar enxaquecas, dores de estômago e outros desconfortos.

Redução do Stresse e Ansiedade: A inalação de óleos essenciais pode ajudar a reduzir o stresse e a ansiedade, promovendo uma sensação de calma e relaxamento. Isso pode ser especialmente útil em momentos de tensão e stresse diário.

Práticas de Relaxamento e Meditação: Os óleos essenciais são frequentemente usados durante práticas de relaxamento, meditação e yoga para criar um ambiente propício à concentração, relaxamento e equilíbrio emocional.

Alternativa Natural: Muitas pessoas procuram os óleos essenciais como uma alternativa natural aos produtos químicos encontrados em produtos de cuidados pessoais e de saúde convencionais.

 

É importante lembrar que os óleos essenciais são poderosos e devem ser usados com cautela, seguindo as instruções adequadas de diluição e aplicação. Consultar um profissional de saúde qualificado antes de usar óleos essenciais, especialmente se estiver grávida, a amamentar, ou tiver alguma condição de saúde pré-existente, é sempre uma boa prática.

 

Uma memória na luz do passado

Milorde, 18.09.23

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Na minha mente existe um baú precioso repleto de lembranças, uma coleção de experiências que moldaram o meu caminho. Cada lembrança é como uma estrela no vasto céu da minha vida, que brilha com uma intensidade única e que conta a sua própria história.
 
Uma dessas memórias reluzentes remete a uma tarde dourada de primavera, onde o sol se deitava gentilmente sobre as colinas e pintava o mundo com tons suaves e quentes. Naquele dia, eu estava com a minha avó, uma mulher sábia e gentil que tinha o dom de transformar momentos simples em preciosidades eternas.
 
Lembro-me da sua voz suave, contando histórias de tempos idos, enquanto preparávamos uma aletria. O aroma doce e reconfortante da canela e da casca de limão misturava-se no ar, criando uma sinfonia de sensações que perdura na minha mente até hoje.
 
À medida que ela mexia o tacho, partilhava comigo histórias da sua juventude, aventuras que pareciam pinturas vivas. A suas palavras eram como um fio mágico que me transportava para aqueles tempos passados, permitindo-me vislumbrar a vida como ela a conheceu. Era como se estivesse lá, sentindo as emoções, os desafios e as alegrias que ela experimentou.
 
Naquele momento, percebi a magia das memórias, como elas conectam gerações e ensinam-nos sobre a nossa história. Elas são como faróis no meio da escuridão, guiando-nos em direção a quem somos e o que podemos ser. Cada história compartilhada, cada lembrança preservada, é uma contribuição valiosa para o tapete tecido da nossa identidade.
 
Essa memória é mais do que apenas uma lembrança de um dia especial; é um elo vital com o passado e um lembrete constante do valor das histórias e das pessoas que as compartilham. A minha avó é uma luz suave que continua a iluminar o meu caminho, que me guia através dos desafios e celebra as minhas alegrias da vida.
 
Assim, guardo esta e outras memórias com carinho, sabendo que elas são tesouros que enriquecem a minha jornada e moldam a minha visão do mundo. Como guardião desse baú de lembranças, sigo em frente, ansioso para adicionar novos capítulos e histórias à coleção que compartilharei com as futuras gerações.
 

Dia Internacional da Igualdade Salarial

Milorde, 18.09.23

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Sabiam que hoje é o Dia Internacional da Igualdade Salarial?

O Dia Internacional da Igualdade Salarial é uma data que procura chamar a atenção para a disparidade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho. É celebrado em diferentes datas em vários países, aqui em Portugal é no dia 18 de setembro.

A disparidade salarial de género refere-se à diferença média entre os salários de homens e mulheres num determinado grupo ou população. Infelizmente, em muitas partes do mundo, as mulheres ainda recebem menos do que os homens pelo mesmo trabalho ou trabalho de igual valor.

As causas da disparidade salarial de género são complexas e multifacetadas, incluindo fatores como discriminação direta, segregação ocupacional, falta de acesso a oportunidades de carreira e promoções, diferenças na carga de trabalho não remunerada (como cuidados familiares), entre outros.

O Dia Internacional da Igualdade Salarial tem como objetivo consciencializar as pessoas sobre essa desigualdade e promover a igualdade de remuneração entre os géneros. As organizações e ativistas usam esta data para fazer campanhas, organizar eventos, discutir políticas e incentivar ações para eliminar a disparidade salarial e promover a equidade de género no local de trabalho.

Caprichos de mãe

Milorde, 11.09.23

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A minha mãe não foi trabalhar porque teve uma consulta no centro de saúde. Quando chegou a casa disse:

- Ai não quero cozinhar, hoje vamos almoçar no restaurante chinês, já há muito tempo que não lá vou.

- Mãe, eu não acho boa ideia. O restaurante chinês é um pouco caro. E a minha conta bancária está a gritar por alimento! Se ainda gastar mais tenho a certeza que um dia destes o banco vai me ligar para me aconselhar a desativar esta conta!

- Não te preocupes com isso que eu pago!!

Oh meus estimados leitores, é que ela nem precisou de dizer isso duas vezes.

Vesti a minha camisa cor de rosa (sim, um homem também veste rosa), uma calça de linho preta, calcei uns ténis básicos, coloquei aquele meu perfume que ela diz ser muito enjoativo, peguei na chave do carro e lá fomos até à cidade onde fica o tal restaurante.

Quando chegamos à cidade, e após voltas e mais voltas (onde a minha mãe ordenava para onde me devia dirigir qual polícia sinaleiro), não havia nenhum estacionamento livre perto do restaurante e, então, tive que me distanciar um pouco para arranjar um sítio onde deixar o meu carro sem arriscar apanhar uma multa que os nossos amigos não perdoam.

Chovia muito e os meus vidros estavam embaciados.

- Liga essa coisa para desembaciar os vidros! - ordenou a minha mãe. Bem tentei, mas a "coisa" aparentemente está avariada porque carreguei no botão umas 20 vezes e aquilo não ligou.

Se havia de chover era naquele momento em que nos preparávamos para sair do carro. Ainda esperamos que a chuva amainasse mas ela teimava em não passar.

- Mãe, eu acho que é melhor mudarmos de ideias e vamos antes almoçar no centro comercial.

- Não senhora! Eu quero ir ao chinês. Vamos embora! Eu não tenho medo da chuva!

Penso que nunca corri tanto na minha vida. Se estivesse a participar numa Meia Maratona naquele momento, da maneira como corria qual Rosa Mota pelas ruas do Porto, asseguro-vos que a ganharia. Cheguei ao restaurante com a camisa encharcada.

A comida estava ótima. "Valeu a pena apanhar a chuva", disse a mãe a esfregar a barriga enquanto nos dirigíamos para o carro (a chuva tinha acabado).

Chegamos a casa e, no momento em que ia sair do carro, a chuva recomeçou. Caramba, parece praga!

 

Sinto-me tão pequeno

Milorde, 08.09.23

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Faço medicação habitual por um problema de saúde mental que me foi diagnosticado em 2017 por uma psiquiatra que me deu alta hospitalar quando viu que me senti melhor, uma decisão que me deixou perplexo por ainda ter de continuar a fazer medicação. Qualquer problema teria que falar com o meu médico de família. Adeus e tudo de bom!

O tempo passou, nada se alterou na minha vida, sempre que preciso da receita da medicação habitual envio um email para o Centro de Saúde e após algumas horas a recebo no telemóvel. Porém, há uns meses atrás que me tenho sentido mais ansioso. Um estado de ansiedade que me consome durante todo o dia e que me impede de controlar o meu corpo, criando comportamentos em mim um pouco anormais (alguns deles já moderados devido à medicação mas que voltaram).

Pensei que poderia gerir as minhas emoções sozinho através de estratégias que me ajudassem a acalmar como ler um livro, fazer uma caminhada, ouvir um pouco de música relaxante, entre outras.

Não consegui. Cheguei mesmo ao ponto de não conseguir estar quieto. Quando me sento para ler um livro as minhas pernas mexem involuntariamente, não consigo me concentrar, sofro por antecipação, preocupações em excesso, inquietação, medos irracionais... O que me acalma mesmo é caminhar, falar sozinho para expressar todas estas emoções reprimidas mas, obviamente, não posso caminhar durante o dia inteiro.

Fui a uma consulta aberta, pedi ajuda. Foi-me receitado um ansiolítico, o tal Alprazolam muito conhecido por todos, até conseguir arranjar uma consulta como o meu médico de família que está ao corrente de todo o meu processo.

O ansiolítico ajudou e muito. Até o meu humor melhorou e voltei a escrever.

Tive a consulta com o meu médico de me família na quarta-feira onde durante alguns minutos falei sem parar e onde lhe pedi que me passasse um novo pedido para a psiquiatria para ser reavaliado.

- Ainda não - diz-me ele - primeiro vamos experimentar este novo medicamento e vamos fazer aqui alguns ajustes e depois vamos ver como te sentes.

Mudou totalmente a minha medicação! Não tenho confiança no meu médico de família para ajustar uma medicação prescrita por uma psiquiatra. Não é da sua competência fazê-lo, mas que poderia mais fazer senão experimentar?

Retirou-me o ansiolítico e o antidepressivo que tomava à noite para regular o sono e trocou-os por um antipsicótico! Vocês não estão a perceber.

Ontem senti-me tão mal! Fiquei extremamente cansado, fraco, apático, sem reações, sentia-me perdido, a minha ansiedade voltou em força, tenho dores musculares na cervical, ontem à noite comecei a ter ilusões, ouvir e ver coisas fora da realidade.

Parei completamente. Voltei à medicação habitual. Tenho consulta dia 20 próximo para ele ver como me sinto e desta vez tenho mesmo de exigir uma consulta psiquiátrica. Sinto-me incompreendido. Preciso de apoio profissional e não o tenho.

Sinto-me tão pequeno neste mundo desconhecido. Sempre que tento voar eu caio sem as minhas asas.

Bem vindos ao nosso Sistema Nacional de Saúde.

Plantas e os meus cuidados

Milorde, 04.09.23
Como se já não tivesse plantas suficientes em casa, ontem comprei mais duas. (Isto começa a ser grave, não?). Eu tenho 12 plantas em casa, coisa pouca!
 
São elas: Dieffenbachia seguine, conhecida pelos nomes comuns de comigo-ninguém-pode e aningapara; e um Antúrio branco (já tenho dois vermelhos e um rosa, faltava-me um branco ).
 

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A verdade é que sempre que vou a um horto não consigo sair de lá de mãos vazias. Há sempre uma planta que me chama a atenção, outra que ficaria bem juntamente com uma que tenho cá em casa, vasos maiores para aquelas que já cresceram e as raízes começam a sair pelos furos, terra especial para plantas de interior, fertilizantes, etc.
 
Gosto de comprar aquelas plantas mais pequenas porque me dá uma satisfação enorme quando as vejo crescer.
 
Não sei se vocês estão bem a perceber a minha situação. Eu falo com as minhas plantas! Eu limpo as folhas com um disco de algodão para lhes tirar o pó! Meto-as na banheira e com o chuveiro faço chuva para elas... Ando com elas como quem anda com ovos (mete-me impressão quando no horto as funcionárias pegam-lhes e manuseiam-nas com brutalidade). E elas agradecem-me com folhas brilhantes e flores lindíssimas!!
 

A história de um rapaz que se assumiu

Milorde, 01.09.23

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Quando tive o meu primeiro namorado e me assumi como homossexual a minha mãe fez-me um ultimato: se queres te assumir sais fora desta casa! Não levei essa ameaça a sério porque lá no fundo eu sabia que ela nunca seria capaz de fazer uma monstruosidade dessas, estava apenas chocada com uma realidade que, acredito, ela já ter percebido e fingido não ver. Corria o ano de 2009.

Nessa altura, a minha mãe não estava preocupada comigo, mas sim por aquilo que os outros iriam falar. "Tu vais ser motivo de chacota" dizia ela. Soube que mais tarde ligou ao irmão, meu tio emigrado na Suíça, para desabafar e ele simplesmente lhe disse que era algo completamente normal e que na Suíça não faltavam rapazes como eu, que se algum dia me sentisse mal ou constrangido por me assumir, poderia perfeitamente emigrar para junto dele que iria ajudar-me no que pudesse.

Não aceitei. Emigrar nunca esteve nos meus planos e muito menos emigrar por causa do que os outros iriam falar de mim, isso jamais!

Quando contei à minha irmã mais nova ela ficou contentíssima por lhe ter confiado algo tão íntimo e disse que me apoiava em tudo. A minha irmã do meio, na altura com 20 anos, ficou igualmente chocada. "Vai ser uma vergonha" dizia ela, e certo dia ouvi ela comentar com a mãe "são coisas que se metem na cabeça das pessoas e depois passa". Pois, mas como a homossexualidade não é uma doença que curamos com uns comprimidos ou apoio psicológico (a que muitos homens foram sujeitos ao longo dos anos), essas "coisas que se meteram na minha cabeça" não passaram.

A minha mãe tinha razão numa coisa: o motivo da chacota. A partir do momento que me assumi como gay e comecei a viver a minha vida sem me esconder, o meu namorado vinha buscar-me à porta de casa em vez de me esperar num sítio mais reservado, as piadas e bocas surgiram. "Lá vai o paneleiro", "cuidado senão ele enraba-te", "este gajo é mesmo bicha" - são apenas alguns exemplos.

Ouvi e calei durante muitos anos.

Hoje a situação é diferente. Há mais pessoas que cumprimentam o meu namorado que aquelas que nos criticam e isso deixa-me muito feliz. Claro que uma vez por outra ainda ouço comentários desagradáveis, porém em vez de baixar a cabeça e continuar olho a pessoa diretamente nos olhos, sem dizer nada. A pessoa vira a cara, completamente desarmada, porque percebeu que aquelas palavras não me atingem mais.

Sou mais respeitado hoje do que há 14 anos atrás. A vida, essa, só diz respeito a mim. Os outros são apenas os outros.

Bom fim de semana a todos.