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Milorde

O Milorde emocionado

Milorde, 29.03.23

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Não só de histórias mirabolantes é feito este blogue. Também gosto, e quero, partilhar aquelas histórias que emocionam qualquer um.

O Sr. Abel e a sua esposa, Eulália, dedicaram toda a sua vida à agricultura e ao comércio de gado. O tempo passou depressa demais e, sem darem por isso, envelheceram e perderam a sua autonomia. As terras que antes serviram para a plantação de batatas e milho ficaram ao abandono. O gado foi todo vendido. E o casal foi para um Centro de Dia.

Encontrei-os, certa vez, quando fiz uma visita ao Centro de Dia com o intuito de fazer voluntariado. O Sr. Abel, sempre com a sua boa disposição, prontificou-se logo para me dirigir umas palavras alegres. Disse-me que conhecia perfeitamente a minha família e que lamentava profundamente a doença da minha avó. A sua esposa, sempre tão bondosa, afirmava tudo aquilo que o seu marido dizia e ria-se das suas piadas.

Não consegui o voluntariado com uma desculpa de que já tinham voluntários que chegassem. Aceitei mas não considerei justo. O tempo foi passando e, qual não foi o meu espanto, quando a semana passada vi um obituário com a fotografia do Sr. Abel. De imediato as memórias daquele dia vieram-me à cabeça.

Ontem estava a jantar quando a minha mãe me mostrou outro obituário no Facebook.

- Olha morreu a Sr. Eulália, a mulher do Sr. Abel, uma semana depois de o marido ter falecido.

Uma semana depois. Provavelmente, ou serei eu um romântico incurável, a Sr. Eulália morreu de desgosto pela partida do marido. Ou então, e já entrando numa parte mais espiritual, o próprio marido a chamou para junto dele.

Sempre que ouço estas histórias sou invadido por uma emoção incontrolável. É o amor verdadeiro, o amor de uma vida que vai para além da morte. Acredito que, onde quer que estejam, estão juntos e felizes e que o seu amor perdure para a eternidade.

O Milorde fofoqueiro

Milorde, 20.03.23

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O mecânico de Barbalimpa é viúvo. Conta-se que, após a morte da sua mulher, arranjou logo outra que conheceu numa dancetaria no Porto, casaram e ela mudou-se para aqui. A senhora era, digamos, um pouco espalhafatosa. Sempre que havia algum problema entre o casal a portuense vinha para fora de casa discutir com o homem para que toda a aldeia soubesse que o mecânico "não valia nada" e que era um porco. Por diversas vezes a GNR foi chamada ao local para acalmar os ânimos e conta-se ainda que o mecânico teve que lhe pagar cerca de 50 mil euros de indemnização após o divórcio de ambos.

Quem também se divorciou foi a Marlene, a corista que canta o Aleluia todos os domingos na missa das oito. O ex-marido vai sempre de bicicleta para o trabalho porque nunca tirou a carta de condução mas ainda está a pagar um crédito de um automóvel que comprou para a ex-mulher. Ora após o divórcio (conta-se que ela o expulsou de casa) o homem levou o carro com ele, não me perguntem como. Foi uma espécie de: não ficas comigo, também não ficas com o carro!

A Marlene trabalhava num lar de idosos, e eu digo trabalhava porque a senhora despediu-se recentemente e vocês já vão perceber toda esta história, digna de uma novela mexicana.

Sábado à tardinha a Marlene encomendou dois frangos de churrasco com piri-piri na churrascaria da Dona Conceição. Quando ela os veio buscar toda a gente ficou admirada a olhar para ela! Primeiro porque ela veio com um carro, mas um carro daqueles que a gente olha e diz: caramba! Saiu do carro com uns sapatos de salto alto e toda bem vestida, penteada e maquilhada.

Conta-se que ela anda metida com o mecânico.