O Milorde emocionado
Não só de histórias mirabolantes é feito este blogue. Também gosto, e quero, partilhar aquelas histórias que emocionam qualquer um.
O Sr. Abel e a sua esposa, Eulália, dedicaram toda a sua vida à agricultura e ao comércio de gado. O tempo passou depressa demais e, sem darem por isso, envelheceram e perderam a sua autonomia. As terras que antes serviram para a plantação de batatas e milho ficaram ao abandono. O gado foi todo vendido. E o casal foi para um Centro de Dia.
Encontrei-os, certa vez, quando fiz uma visita ao Centro de Dia com o intuito de fazer voluntariado. O Sr. Abel, sempre com a sua boa disposição, prontificou-se logo para me dirigir umas palavras alegres. Disse-me que conhecia perfeitamente a minha família e que lamentava profundamente a doença da minha avó. A sua esposa, sempre tão bondosa, afirmava tudo aquilo que o seu marido dizia e ria-se das suas piadas.
Não consegui o voluntariado com uma desculpa de que já tinham voluntários que chegassem. Aceitei mas não considerei justo. O tempo foi passando e, qual não foi o meu espanto, quando a semana passada vi um obituário com a fotografia do Sr. Abel. De imediato as memórias daquele dia vieram-me à cabeça.
Ontem estava a jantar quando a minha mãe me mostrou outro obituário no Facebook.
- Olha morreu a Sr. Eulália, a mulher do Sr. Abel, uma semana depois de o marido ter falecido.
Uma semana depois. Provavelmente, ou serei eu um romântico incurável, a Sr. Eulália morreu de desgosto pela partida do marido. Ou então, e já entrando numa parte mais espiritual, o próprio marido a chamou para junto dele.
Sempre que ouço estas histórias sou invadido por uma emoção incontrolável. É o amor verdadeiro, o amor de uma vida que vai para além da morte. Acredito que, onde quer que estejam, estão juntos e felizes e que o seu amor perdure para a eternidade.