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Milorde

Frio

Milorde, 21.02.22

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Ao domingo a Maria diz que não quer cozinhar. É o seu dia de folga, diz ela e eu não poderia estar mais de acordo porque a mulher bem o merece. Então, como já é habito em todos os domingos, vamos almoçar a um restaurante e desta vez escolhemos um bufete a peso devido à variedade de comida que o restaurante oferece e assim cada um come o que quiser.

"E então, almoçaram bem?" - perguntam vocês. Para responder com sinceridade digo que: não muito bem. Como na maioria dos restaurantes que já frequentei, a comida é servida praticamente fria! É impressionante a quantidade de vezes em que isto me acontece em Portugal. Em países como a França, Bélgica, Suíça, etc., os pratos ou as travessas em que é servida a comida são devidamente aquecidos, para que quando o prato chega ao cliente o mesmo esteja quente. Já para não falar que estávamos com frio dentro do restaurante, a Maria nem sequer despiu o casaco para almoçar.

O mesmo acontece com as casas. Ainda no outro dia vi uma notícia na televisão que dizia: "morre-se de frio em Portugal". Isto é uma vergonha! Porquê? Porque as casas não estão devidamente isoladas, porque não é obrigatório pela lei que a casa tenha aquecimento, porque é permitido alugarem-se casas que não têm as mínimas condições. É o tal "quem está mal, muda-se!" Varremos os problemas para debaixo do tapete.

Eu tenho aquecimento em casa, aquecimento a gás, mas não me atrevo a ligá-lo! Iria consumir uma botija de gás por semana, e ao preço em que está cada botija... feitas as contas eu não ganho o suficiente para pagar o meu aquecimento.

Também tenho um pequeno aquecedor a eletricidade mas só o ligo quando está mesmo muito frio, por uns 15 minutos para ambientar um pouco, pois ainda me lembro quando o deixava ligado por mais tempo e tive que pagar 80€ na fatura no final do mês.

Sejamos fortes!

A limusina

Milorde, 18.02.22

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Deveria ter os meus 10 anos quando o meu tio comprou uma Peugeot 505. A carrinha era comprida e sempre que ia dar um passeio com ele imaginava-me dentro de uma limusina tal como a princesa Diana. Fazia questão de me sentar nos bancos de trás e acenava às pessoas que encontrava na rua enquanto o vento revolvia os meus cabelos, ao som de músicas portuguesas das cassetes que ele tinha.

O mais engraçado é que a carrinha tinha alguma proteção contra as crianças e as portas de trás não abriam por dentro, era o meu tio que tinha de as abrir, tal e qual como se ele fosse um chofer e eu uma pessoa de alta sociedade.

Sempre que jantávamos com ele eu vestia a minha melhor roupa e no restaurante pedia um prego no prato porque sabia que trazia sempre uma fatia de queijo e outra de fiambre, uma regalia que raramente tinha em casa.

Já não sei o que aconteceu a essa carrinha, provavelmente deve estar numa sucata ou simplesmente destruída numa pilha de metal compactado, mas as memórias que tenho dela ainda estão dentro da minha cabeça tão vivas que certo dia cruzei-me com um modelo parecido e lembrei-me de tudo isto.