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Milorde

A excursão

Milorde, 27.10.21

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No próximo domingo haverá uma excursão para os habitantes de Barbalimpa que quiserem participar. O Paulo das camionetas até anunciou na missa da 11h de domingo passado que o custo da excursão são 20€ sem direito a reembolso caso alguém não tenha gostado ou quiser simplesmente desistir.

O itinerário será parar em Fátima (como não podia deixar de ser), depois visitar a Quinta dos Milagres em Coimbra, e no fim passar em Mealhada para comer leitão acompanhado com uma boa garrafa de vinho, branco ou tinto dependendo do gosto de cada um.

A Rosa, que faz rissóis e croquetes para fora, está a trabalhar pela noite dentro para fabricar tanto salgado para tanta gente e o Sr. Eduardo, proprietário do minimercado, esgotou o stock de batatas fritas de pacote.

Anda por cá uma azáfama que vocês nem queiram saber! Até o Sr. Eduardo esqueceu-se de tirar a chave da fechadura e fechou a porta do minimercado com a chave do lado de dentro. O problema é que a porta só abre com a chave e não com a maçaneta. Por acaso, e sorte a dele, deixou uma janela entreaberta e então o senhor veio a correr cá a casa pedir ao Sebastião que entrasse pela janela do minimercado e lhe abrisse a porta. Fomos lá todos para ajudar, o Misha ficou a guardar a mansão qual cão de guarda, e quando chegamos o Sebastião trepou pelo cano de infiltração até à janela e disse ao Sr. Eduardo que a prateleira dos líquidos da loiça estava mesmo abaixo e que ao entrar talvez derrubasse alguns.

- Mete abaixo, mete abaixo! - gritou o Sr. Eduardo.

O Sebastião lá entrou e por fim abriu a porta. Era só líquido da loiça pelo chão! Mais tarde viemos a saber que o Sr. Eduardo disse que por causa do Sebastião teve um grande prejuízo na marca Super Pop limão. Estão a ver como as pessoas são mal agradecidas?

 

O dia mais feliz com o Marco

Milorde, 26.10.21

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O segundo convidado desta rubrica é o Marco. Dono de uma escrita peculiar acompanhada sempre com um desenho colorido, o Marco já conquistou muitos leitores pelos blogues. Por vezes está no Sardinha sem Lata mas hoje ele é o meu convidado de honra para nos contar o dia mais feliz da sua vida.

Por vezes é difícil responder a esta pergunta, porque são vários e como eleger um? Vou escolher um da minha infância.

Dia de Natal

Devo ter uns 8 anos e como tradição na minha família, na noite de Natal eu e minha irmã e os meus primos íamos todos à casa dos meus avôs, deixar lá um sapatinho. Era tradição, não sei quem começou, mas fomos educados assim.

Depois ficamos a jogar às cartas e ao loto, os meus avós eram pessoas muito simples do campo e não davam importância a essas coisas era o que tínhamos para distrair nas noites que passávamos lá na casa deles. Naquele tempo não havia telemóveis e os programas de televisão eram de Natal ou estava a dar o “Sozinho em casa” (devo ter visto umas 20 vezes) e para passar o tempo preferíamos jogar.

Quando fomos embora passávamos sempre pelo madeiro para aquecer, porque as noites no interior são geladas , mas a noite ia ser longa para mim, porque estava ansioso pelas prendas, porque só recebia prendas pelo Natal.

Na manhã de Natal tinha que ir à Missa de Natal, e lembro-me que demorava tanto que e era uma seca e não se podia fazer nada senão estar lá parado, depois havia sempre o convívio depois da missa, mas eu já estava em pulgas para ir abrir as prendas, mas tinha que esperar, porque não estava lá ninguém para abrir a porta, quando fomos a casa dos meus avós, fomos todos ver as prendas, a minha era uma caixa grande, que nem cabia no sapato. Quando abri era um camião dos bombeiros telecomandado, com fio claro.

Simplesmente era o melhor presente que tinha recebido e acho que até hoje deve ser o melhor presente que recebi ou que teve mais significado.

O resto do dia já sabem como se passou, foi brincar, brincar, brincar, claro que as pilhas não aguentaram nada, mas brinquei com ele mesmo sem pilhas. Ainda o tenho, tem algumas peças partidas, mas acho que isso faz parte de brincar.

 

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Para sempre

Milorde, 25.10.21

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A minha avó partiu na passada quarta-feira e deixou um vazio enorme que me bloqueou os pensamentos e a criatividade. Gostava tanto de ter escrito um texto bonito para lhe ler, mas simplesmente as palavras não me saíam, somente as lágrimas rolavam pelo meu rosto, ofuscando-me a visão. Só hoje tive a coragem de me sentar em frente ao computador para tentar escrever algo que fique guardado para sempre.

A minha avó foi uma lutadora, uma mãe exemplar e a melhor avó do mundo inteiro, cumpriu a sua missão aqui na terra e agora ela pode descansar em paz. Nunca a vou esquecer, e também nunca vou esquecer a aletria que só ela sabia fazer tão bem! Sempre que fecho os olhos vejo-a ali deitada, estava linda! No momento da despedida, talvez o momento mais difícil da minha vida, agradeci-lhe por tudo o que ela fez por mim, todo o carinho, a atenção...

Será para sempre eterna na minha memória e no meu coração.

 

Peixe podre na cantina da escola

Milorde, 20.10.21

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Ontem ao almoço foi servido peixe podre na cantina da escola de Barbalimpa. A funcionária que se encarrega de servir a refeição aos alunos do ensino primário notou que as crianças queixaram-se que o peixe tinha um sabor mau e decidiu cheira-lo. O peixe estava realmente com um cheiro desagradável.

O professor Vítor veio à cantina e verificou que tanto as crianças como a funcionária tinham razão e abriu-se um inquérito interno para perceber o que se passou.

Ora esta história toda chegou aos ouvidos da Ana, uma mãe revolucionária que fala o que tem a dizer sem receios, e a própria dirigiu-se à escola esta manhã para tirar satisfações à responsável da cantina, dizendo-lhe mesmo que se as suas filhas ficassem doentes por causa do peixe ela iria fazer queixa dela. A responsável disse simplesmente:

- Vocês deveriam de nos agradecer por dar de comer todos os dias aos vossos filhos!

Os comentários deixo-os para vocês...

O dia mais feliz com a Cafeína

Milorde, 19.10.21

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Hoje inicio um novo projeto que espero que gostem. Na verdade a ideia surgiu quando vi uma série na Netflix na qual um grupo de pessoas reunidas numa sala falaram sobre o dia mais importante das suas vidas. Achei comovente e pensei que essa ideia seria excelente aqui nos blogues para que todos se conheçam um pouco melhor e para que mais pessoas se sintam cativadas pela nossa escrita e não somente pelas publicações e fotos das redes sociais.

A primeira convidada é a Cafeína. Não me perguntem porquê, apenas senti que ela seria a primeira, que fazia sentido que assim fosse e não me enganei! Ao longo deste texto escrito pela própria podemos ver que apesar de todas as situações pela qual a Cafeína passa e que nos escreve, ela não perde o sentido de humor e isso, meus leitores, é algo que considero uma arma eficaz para a vida.

Sem mais delongas, este foi o dia mais importante da nossa Cafeína.

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Bom dia!

Antes de mais quero agradecer ao Milorde pelo seu gracioso convite e desejar muito sucesso para esta rubrica que agora estreia.

Vou falar e contar a história de um dos dias mais felizes da minha vida que foi o dia em que descobri que me tornaria mãe pela primeira vez.

Corria o ano 2012, era o dia do meu aniversário e, estranhamente, sentia-me muito cansada, ensonada e mal disposta e confesso que estava longe de pensar que tinha um puto aos saltos no interior do meu ser. Tentei desvalorizar a indisposição e passar um dia de anos dentro do normal, mas havia cheiros... cheiros que revolviam as minhas entranhas a ponto de ter que ir chamar o bom do gregório. Mas, como sou uma pessoa determinada e persistente (ahahahahahah 😆) e que por sinal até já me estava a sentir melhor, fui jantar fora.

Chegada ao restaurante, onde estavam a assar frangos, senti o meu estômago a revolver-se e deu-me tanta vontade de fugir dali porque o jantar tinha tudo para correr mal pelo incómodo que os cheiros me causavam. Queridos(as) sapinhos(as), a boa da Cafeína pediu uma posta de perca do Nilo grelhada e marchou, marchou todinha. Até aí tudo bem. A dada altura virei-me para o culpado de todos estes sintomas e disse: "eu preciso de ir para casa dormir!" Ele esbugalhou os olhos e disse que eu só poderia estar doente, que eu estava muito branca. E fomos embora.

Cheguei a casa e voltaram os enjoos (eu estava plenamente convencida que não passava de uma virose) e com os enjoos chegaram os sonos súbitos e com os sonos súbitos chegaram as loucas vontades de comer a meio daquela noite. Bem, posto isto aguardei pelo dia seguinte.

Seis da manhã. Estava mole mas tinha planeado ir laurear a pevide com o homem e fomos. O passeio correu bem até à hora de ir para o restaurante e aquela indisposição voltar a aparecer e fazer cair a ficha. Meu Deus, eu estou grávida!" - Pensei.

Engoli o almoço como quem come ensopado de borrego por delicadeza (detesto carne de borrego) e no regresso a casa passei pela farmácia no intuito de comprar um teste de gravidez. Comprei o teste e assim que cheguei enfiei-me na casa de banho e no teste fui avaliada com dois risquinhos positivos com direito a um menino nos braços em Junho de 2013. E foi assim. Hoje o puto já tem oito aninhos e um mano mais novo.

Espero que tenham gostado da minha história e mais uma vez obrigada ao Milorde pelo qual tenho muito apreço.

 

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Eu também quero escrever! - Maria dos Prazeres

Milorde, 18.10.21

Ora muito boas tardes senhoras e senhores.

O meu nome é Maria dos Prazeres e sou conhecida aqui neste blogue pela criada do Milorde. Criada é pouco meus amores, eu sou uma escrava nesta casa! No sábado sua senhoria escreveu que adora o outono... pudera, não é ele que varre e apanha as folhas que caem todos os dias neste jardim que mais parece uma selva. Se ao menos existisse aqui um Tarzan que me chamasse de Jane e me levasse daqui para fora pendurados numa liana e eu agarrada àqueles músculos todos... ai jasus!

Não é fácil ser criada nesta casa. Milorde é muito esquisito, picuinhas, e o que mais lhe querem chamar. Ainda hoje na hora de almoço me perguntou se eu tinha colocado mais azeite na sopa que ela estava muito gordurosa. "Olha meti-lhe leite da pi... " - respondi. Vocês desculpem-me mas eu sou muito desbocada. No outro dia disse que as batatas fritas não tinham sal. "Pega na puta do saleiro e mete, filho!". Não há paciência!

Então, já que eu li por aqui que alguém gosta da minha rebeldia, aproveitei uma folga dos meus afazeres e vim aqui escrever-vos os meus desabafos. Na verdade foi muito fácil descobrir a palavra-passe deste computador (a data de nascimento da criatura) e agora vou voltar aqui de vez em quando para vos dar a conhecer um pouco mais de mim também. Já que eu sou falada ao menos que tenha uma palavra a dizer.

Meus amores, um beijo para vocês e até uma próxima.

 

Maria dos Prazeres

Chuva de outono

Milorde, 16.10.21

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Coloquei roupa na máquina para lavar. Com uma semana de temperaturas altas para a época, um grande sol e céu limpo, ainda pensava eu que iria a tempo de secar mais roupa antes da semana de chuva que se avizinha. Coloquei uns headphones e fui dar a minha caminhada como todas as manhas para vila ao som dos Boney M.

By the rivers of Babylon, there we sat down
Ye-eah we wept, when we remembered Zion

Mais uma curiosidade sobre Milorde: adoro músicas dos anos 70/80. O céu esta manhã estava cinzento mas nada fazia prever que minutos depois tive que correr desalmadamente pela rua para chegar a casa o mais rápido possível afim de não apanhar uma molha.

Quando cheguei a casa a Maria já tinha laminado os cogumelos para o almoço. O Sebastião ainda dorme. O Misha veio dar-me as boas vindas enrolando-se nas minhas pernas e agora está a aninhado junto aos meus pés enquanto escrevo.

Adoro o outono, mas é que adoro mesmo!

Na padaria

Milorde, 15.10.21

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Todas as manhãs na padaria de Barbalimpa reúnem-se 5 mulheres para tomarem o pequeno almoço e falarem mal da vida dos outros. Claro que elas não vão dizer que falam sobre a vida das outras pessoas, elas são Madames corretas que vão à missa das 8h todos os domingos, mas aquilo é um corte e costura com tesouras tão afiadas que quem passa perto arrisca-se mesmo a levar um corte!

- Sabes do escândalo que aconteceu na casa dos Pereira?

- Não, não soube de nada...

- Não é que o marido apanhou a mulher na cama com o amigo deles!

- Não posso! Quando? Como?

Para contar estes pormenores mais sórdidos elas baixam o tom de voz, mas quando é para dizer algo banal aquilo mais parece a feira da ladra! Certo dia quando lá fui buscar o pão, uma das senhoras ria-se tanto que cuspiu o leite com café todo para cima de outra, e uma delas teve que ir a correr para a casa de banho com a mão entre as pernas para não urinar nas calças.

- Deus me livre, que escândalo! Elas andam com o fogo no cu. Olhem que em toda a minha vida só o meu marido me tocou, e era sempre com a luz apagada!

- Ai eu também. O meu marido nunca me viu nua! Agora elas andam todas despidas na rua.

Elas ficam lá cerca de 2 horas e depois vão-se embora para os seus afazeres. Na padaria fica um silêncio acolhedor e as funcionárias suspiram de alívio.

 

Obrigado!

Milorde, 12.10.21

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Uma pequena publicação para agradecer todo o carinho que demonstraram através dos vossos comentários cheios de solidariedade. Obrigado a todos vocês meus leitores e também à equipa do Sapo Blogs que destacaram a minha homenagem e a fizeram chegar a mais pessoas, tornando-se mesmo uma das publicações mais lidas neste últimos dois dias.

São situações sempre muito difíceis para as quais nunca estamos preparados, mas a vida é mesmo assim e temos que seguir em frente. Voltarei ainda com mais garra para continuar este projeto que me tem trazido muitas alegrias.

Obrigado a todos, de coração!

 

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