O assalto
A funerária Alves & Costa foi assaltada esta noite. Soube-o através do jornal local que um moço de recados me traz todos os dias pela manhã. Segundo o relatório da GNR, os assaltantes entraram pela janela da casa de banho que se encontrava aberta para arejar o espaço, e roubaram várias imagens de santos e um terço que, segundo diz o proprietário, era benzido.
- Este mundo está perdido - disse-me a Maria enquanto me servia uma chávena de café.
- Tenha atenção, mulher! Está a borrar a mesa toda com café!
- Ai desculpe, meu lord. É que eu fico revoltada com estas coisas! Até os santos lhe servem... havia de lhes nascer um corno no c...
- Maria, por favor, poupe-me aos seus comentários.
Esta mulher nunca mais aprende que não se pode dirigir a mim com palavras impróprias.
O Sebastião, que estava sentado ao me lado, começou a comer a sua torrada com a boca aberta e isso irritou-me profundamente que saí da mesa e fui sentar-me no meu cadeirão na sala para continuar a ler o meu jornal.
O senhor Diamantino Alves & Costa alega que ultimamente tinha recebido algumas ameaças anónimas através de telefonemas anónimos que lhe diziam, com um pano à frente da boca, que se ele não baixasse o preço das urnas que ia sofrer as consequências.
Diz, também, que tudo o que os assaltantes levaram, deram-lhe um prejuízo de quase três mil euros e pediu para que todos os habitantes lhe ajudassem com alguma coisa, nem que fosse com uma lata de atum.